A leitura sempre esteve muito presente na minha vida. Quando pequeno, comecei com livros curtos como "O Patinho Feio" e "A Bela Adormecida"; depois, conheci os quadrinhos com "A Turma da Mônica", "Zé Carioca" e "Menino Maluquinho". Lembro do saudoso Prof. Ademir, que incentivava muito a leitura. Nessa época, tive meu primeiro contato com "O Saci", de Monteiro Lobato, o que me fez conhecer e ler bastante de seus outros livros infantis.

Na adolescência, era bastante comum eu frequentar a biblioteca da escola. Acredito que a grande virada foi quando entrei na quinta série do ensino fundamental na Escola Classe 60 da Ceilândia. Passei a frequentar quase que diariamente a biblioteca da escola; lembro que até participei de uma pequena competição de incentivo à leitura: quem pegasse mais livros emprestados em um período de tempo ganharia alguns prêmios. Lembro com saudades da professora bibliotecária, cujo nome, infelizmente, não recordo. Teve uma ocasião engraçada durante essa competição; como eu ia lá quase que diariamente e, se não me falha a memória, até mais de uma vez por dia (eu morava em frente à escola, a uns 50 a 100 metros), buscando novos livros, ela me disse que eu poderia levar mais livros do que o permitido para eu não ficar dando trabalho a ela! Acredito que aquele foi o incentivo que ela pôde dar a uma mente ávida por descobrir mais nos livros. Ganhei essa pequena competição, e o prêmio foram vários livros dos mais variados temas: ficção, poesia, teatro, e pela primeira vez na vida, eu tinha um bom estoque de livros a serem lidos, que eram meus de verdade! Até hoje me lembro com carinho da primeira biografia que li na vida, por volta dos 11 anos de idade: Minhas Memórias de Lobato. Já não tenho mais esse livro, mas espero relê-lo novamente.

Quando fui para o Centro de Ensino Fundamental 17 de Ceilândia, da sétima série até o final do terceiro ano do ensino médio, continuei sendo um leitor voraz, frequentando a biblioteca desse colégio (que muitos estudantes achavam nem existir, infelizmente) e também a Biblioteca Pública de Ceilândia Carlos Drummond De Andrande. Para ter acesso a esta última, eu deveria ir andando por aproximadamente 5 km. Foi um período de leitura voraz, e a distância não me desmotivava: eu caminhava até lá, corria também, mais tarde de bicicleta. Peguei chuvas na ida, na volta, sol quente e tentativas de assalto! Nesse período, li histórias mais adultas como "O Cortiço" de Aluísio de Azevedo, "Hilda Furacão" de Roberto Drummond, devorei livros escritos por Isaac Asimov, Carl Sagan, consumi revistas de divulgação científica como as revistas "Super Interessante" (na época realmente interessante), "Galileu" e "National Geographic". Li sobre religião, esoterismo, ufanismo, ciências, ficção, filosofia. Conheci o clássico "O Padrinho" (depois conhecido como "O Chefão"), de Mario Puzo, antes mesmo de saber que existia uma adaptação cinematográfica. "Que homens somos nós se não temos nossa própria racionalidade", essa fala de Don Vito nunca saiu da minha cabeça desde então.

Impossível externalizar o tanto que esse período e essas leituras me enriqueceram como pessoa, moldaram meus hábitos, caráter e minha visão de mundo. Sou grato a todas as pessoas que me incentivaram, aos profissionais que confiaram em mim quando peguei livros na véspera das férias escolares (fim de ano letivo), na confiança de que eu devolveria no ano seguinte, grato aos meus pais que tanto me incentivaram a estudar, a ler, grato por apoiarem quando eu pedia um real para comprar uma revistinha na banca de revista (saudades bancas de revistas, saudades gibis a um real, "R.I.P", "rest in peace"), grato a cada uma das pessoas que, quando eu era jovem, incentivava, recomendava e ajudava a moldar o meu hábito de leitura.

Por que eu leio? Não dá para dizer exatamente o porquê disso. Existem vários motivos, incontáveis. Porque eu adoro uma história, porque gosto de aprender coisas novas, porque sou curioso, gosto de saber sobre outros pontos de vista, porque vejo a leitura como uma forma de escape da realidade em algumas ocasiões, porque a leitura é uma forma de sonhar, de se emocionar e de rir. Poderia gastar horas elencando motivos. Mas a verdade é que, a leitura, nesse ponto da minha vida, por mais que nem sempre leia todos os dias, é uma necessidade fisiológica, como escovar os dentes, alimentar-se ou dormir. A leitura é uma necessidade, e por mais que eu possa passar algum tempo sem ler, sei que sempre voltarei a ler algo, qualquer coisa, a qualquer hora. Einstein disse que uma mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original. Eu digo que a mente que se expande tem uma necessidade voraz de continuar se expandindo, sendo preenchida com novas ideias, histórias a serem descobertas. Talvez seja por isso que continuo lendo.



Eu não sou um robô 😁Feito por um humano 😉

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