Hilda Furacão, a woman in a checkered outfit stands outdoors next to a man, Malthus, in a dark shirt, who is looking down.

Quem diria! Fazia muitos anos que eu não assistia nada na TV aberta, mas, por algum motivo, senti vontade de ver Hilda Furacão, uma minissérie exibida na Globo lá em 1998. Acabei de terminar todos os 32 capítulos.

Eu já tinha lido o romance homônimo de Roberto Drummond duas ou três vezes durante a adolescência e lembro que gostei muito, especialmente pela forma como ele abordava os conflitos entre os revolucionários comunistas da época e a sociedade conservadora. O livro é menos um romance entre duas pessoas e mais um trabalho que busca contextualizar os eventos que culminaram no golpe militar de 1964.

Já a minissérie, embora adapte bastante o contexto e o pano de fundo do livro, foca mais no romance entre a prostituta Hilda e o Frei Malthus, o "Santo". Achei até melhor assim, apesar de sentir que o roteiro puxa para um lado doutrinador em favor dos chamados revolucionários. Não me entenda mal; não sou daqueles que negam o golpe de 64 nem daqueles que chamam o golpe de "Revolução de 64" 🤮.

O golpe trouxe cerceamento de liberdades e represálias terríveis, mas também reconheço que os grupos envolvidos naquela época — tanto os que apoiaram o golpe quanto os revolucionários — tinham interesses próprios, manipulavam informações e usavam estratégias que serviam a agendas particulares. A situação é muito mais complexa do que uma luta de heróis contra vilões.A análise é bem mais complexa, e isso não justifica algo que precisa ser repudiado — o golpe, mas enfim, não era sobre isso que eu queria falar, e sim sobre a série.

Hilda Furacão tem bons momentos, apesar de um roteiro meio ingênuo e várias histórias paralelas cansativas (ainda que algumas sejam interessantes). Uma coisa que me incomodou foi como o roteiro construiu a paixão entre os protagonistas. A série segue aquele clichê de ódio que vira amor, mas o casal quase não contracena junto, quase não conversa. E quando, enfim, eles percebem que se amam — embora neguem o sentimento — Hilda ainda solta um "Você sente minha falta?". Ora, falta de quê, minha querida, se vocês nunca conversaram? A interação mais próxima que eles tiveram até ali foi o "Santo" tentando, sem sucesso, exorcizá-la! Bom, no final, descobrimos que Hilda completa cinco anos como prostituta em 31 de março de 1964 (data do golpe), o que sugere que, durante esse tempo, eles devem ter se encontrado e conversado. Mas a passagem de tempo na série é confusa. Enfim, isso ainda não tira o mérito da minissérie.

O final, por outro lado, é horrível. Os protagonistas se desencontram, cada um segue sua vida e, nos últimos minutos, eles se reencontram anos depois, em uma manifestação contra a ditadura. Não tenho nada contra a manifestação, mas sim contra o fato de que, ao longo dos 32 capítulos (ou cinco anos), nada indicava que eles tinham esse perfil, mesmo convivendo com pessoas que facilmente estariam naquela cena — mas não estavam.

Então, é isso. No geral, gostei de assistir a minissérie, mas também me lembrei do porquê de raramente assistir algo produzido aqui: roteiros ingênuos, soluções fáceis e muita, mas muita enrolação. De qualquer forma, recomendo, especialmente pelo contexto histórico que ela traz sobre um momento importante da nossa história como brasileiros.



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